sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Sabedoria...


Já diziam os profetas: "Senhor vem dar-nos SABEDORIA." Hoje mais do que nunca, necessitamos de sabedoria....são tantas dúvidas, tantas perguntas sem respostas e perguntas sem fazer, que o que nos resta é sermos sensatos com a gente mesmo em primeiro lugar. Essa sinceridade deve estar atrelada a nossos valores, não só cristãos, mas valores familiares, e valores, porque não - sociais. Como me comporto diante das injustiças? Sou omisso ou procuro honrar meus valores? Minha consciência como está? Tranquila ou atordoada? São tantas informações que nos vêm todos os dias, é Rede Globo, Record, Gripe Suína, Testes Nucleares, Sarney, Tufão na China......sem contar a discussão com o vizinho, ou com o marido, com os filhos...ah! e tem também aquele pobre coitado que só queria umas moedas para comprar um pão...mas na pressa de chegarmos (...) passamos e fingimos que não o vimos... É isso tudo, essas dúvidas, essas incertezas que nos sufocam... ou será que deveríamos ser mais frios diante de tudo isso.... NÃO... prefiro continuar sufocando...pois já diziam os mesmos profetas: ''O Senhor não prometeu Dias sem dor e nem Risos sem sofrimento, mas sim força para o Dia e conforto para as Lágrimas...''

terça-feira, 11 de agosto de 2009

SAUDADES....


SIGNIFICADO DE SAUDADE* artigo do Dr. Rogério Brandão, Médico oncologista

Como médico cancerologista, já calejado com longos 29 anos de atuação profissional (...) ... posso afirmar que cresci e modifiquei-me com os dramas vivenciados pelos meus pacientes. Não conhecemos nossa verdadeira dimensão até que, pegos pela adversidade, descobrimos que somos capazes de ir muito mais além. Recordo-me com emoção do Hospital do Câncer de Pernambuco, onde dei meus primeiros passos como profissional. Comecei a freqüentar a enfermaria infantil e apaixonei-me pela oncopediatria. Vivenciei os dramas dos meus pacientes, crianças vítimas inocentes do câncer. Com o nascimento da minha primeira filha, comecei a me acovardar ao ver o sofrimento das crianças. Até o dia em que um anjo passou por mim! Meu anjo veio na forma de uma criança já com 11 anos, calejada por dois longos anos de tratamentos diversos, manipulações, injeções e todos os desconfortos trazidos pelos programas de químicos e radioterapias. Mas nunca vi o pequeno anjo fraquejar. Vi-a chorar muitas vezes; também vi medo em seus olhinhos; porém, isso é humano! Um dia, cheguei ao hospital cedinho e encontrei meu anjo sozinho no quarto. Perguntei pela mãe. A resposta que recebi, ainda hoje, não consigo contar sem vivenciar profunda emoção. "- Tio, disse-me ela, às vezes minha mãe sai do quarto para chorar escondido nos corredores. Quando eu morrer, acho que ela vai ficar com muita saudade. Mas, eu não tenho medo de morrer, tio. Eu não nasci para esta vida!" Indaguei: - E o que morte representa para você, minha querida? "- Olha tio, quando a gente é pequena, às vezes, vamos dormir na cama do nosso pai e, no outro dia, acordamos em nossa própria cama, não é?"(Lembrei das minhas filhas, na época crianças de 6 e 2 anos, com elas, eu procedia exatamente assim.) "- É isso mesmo." "- Um dia eu vou dormir e o meu Pai vem me buscar. Vou acordar na casa Dele, na minha vida verdadeira!" Fiquei "entupigaitado", não sabia o que dizer. Chocado como a maturidade pelo sofrimento acelerou a visão e a espiritualidade daquela criança. "- E minha mãe vai ficar com saudades" - emendou ela. Emocionado, contendo uma lágrima e um soluço, perguntei: - E o que saudade significa para você, minha querida? - Saudade é o amor que fica! Hoje, aos 53 anos de idade, desafio qualquer um a dar uma definição melhor, mais direta e simples para a palavra saudade: é o amor que fica! Meu anjinho já se foi, há longos anos. Mas, deixou-me uma grande lição que ajudou a melhorar a minha vida, a tentar ser mais humano e carinhoso com meus doentes, a repensar meus valores. Quando a noite chega, se o céu está limpo e vejo uma estrela, chamo pelo "meu anjo", que brilha e resplandece no céu. Imagino ser ela uma fulgurante estrela em sua nova e eterna casa. Obrigado anjinho, pela vida bonita que teve, pelas lições que me ensinaste, pela ajuda que me deste. Que bom que existe saudade! O amor que ficou é eterno. Rogério Brandão
Médico oncologista clinico